domingo, 20 de fevereiro de 2011

[Especial] Dossiê - Desaad

Desaad é um vilão fictício da DC Comics. Ele é o servo de Darkseid, e age como mestre torturador e inventor. Seu nome é um anagrama para De Sade, óbvia referência ao Marquês de Sade, que também é lembrado como torturador. Primeira aparição em Forever People #2 (Maio 1971), criado por Jack Kirby. Desaad é sádico, covarde, e ama adular Darkseid. Desaad sempre anda com um manto com capuz púrpura. Por algum tempo, Desaad fingiu ser Darkseid a fim de manter a Intergangue ativa; o motivo parece ser mero capricho.

Poderes e habilidades

Como membro pertencente a raça dos Novos Deuses, Desaad é imortal. Ele também é um brilhante inventor, tendo criado máquinas de tortura e armas. Ele é um mestre torturador, sabendo exatamente as melhores medidas para torturar e interrogar prisioneiros.


A Epopéia do Quarto Mundo de Jack Kirby – Desaad

Por Luis Alberto - Multiverso DC

No mundo dos quadrinhos, muitos personagens têm nomes que parecem ser “proféticos” com relação as suas carreiras. Não é conveniente que o Dr. Otto Octavius se torne uma aberração de oito membros chamada Dr. Octopus? Ou ainda, uma cientista de nome Pamela Isley se torna uma criatura metade humana, metade vegetal, cujo nome passa a ser Hera Venenosa (Poison Ivy, no original)? Desde o início da era de prata, esses “nomes spoiler” foram bem comuns, e de certa forma, Kirby ajudou a difundi-los. Dentre os personagens que se enquadram nesse estereótipo, está Desaad. Como o próprio nome sugere, o personagem é um sádico, apaixonado pela dor em todas as suas formas e cores, mas a dor alheia em especial lhe dá grande prazer. Descrito como um servo ardiloso e traiçoeiro, Desaad vive em Apokolips, e em quase todos os momentos, está ao lado de seu mestre, Darkseid.

Assim como muitos personagens referentes aos Novos Deuses, só faz sua primeira aparição na mensal dos Novos Deuses. Esta ocorre em New Gods v1 #2, quando Darkseid já se encontra na Terra. Aparentando ser apenas mais um servo, ele faz sua estréia testando a Máquina do Medo em outros servos do Senhor de Apokolips. De cara, vemos que ele é verdadeiramente mau. Tudo bem, Darkseid é mau. Enquanto seus “fiéis” súditos se contorcem, numa convulsão emocional, o senhor de Apokolips simplesmente dá de ombros, mostrando apenas a satisfação pela máquina ter funcionado. Mas Desaad? Ele vibra com o Medo, a Agonia, e a dor dos companheiros de vassalagem. Não há dúvidas de que ele é tão repulsivo como o resto da corja que afaga constantemente o ego de Darkseid. Diga-se de passagem, como poderia ser diferente? Se espera que carniça atraia abutres, não?

Voltando, por vezes, e quando me refiro a isso, falo da maioria das situações, temos a impressão de que a dita “fidelidade” de Desaad ao senhor de Apokolips, é questionável. Parece que ele se mantém subserviente até onde vai o olhar de Darkseid, mantendo-se ao seu lado mais por um prazer que o mestre lhe proporciona (opa, calma aí, isso se refere ao fato que Darkseid o deixa bolar os meios de tortura dos seus prisioneiros) do que propriamente por adoração. Esse traço de personalidade, aliás, é o que torna o personagem tão rico. Já havíamos antes nos deparado com outros asseclas do senhor de Apokolips (Simian e Mokkari, por exemplo), mas Desaad é totalmente diferente.

Apesar de temer seu mestre tanto quanto os outros (e entenda “temer” não no sentido de respeito, mas no de medo), seus desejos de provocar a dor alheia as vezes são tão intensos, que faz com que conteste as ordens recebidas. Como podemos ver na segunda edição de New Gods, ele discute com Darkseid sobre a possibilidade de se testar ou não a máquina do medo em Orion. Demonstrando certo desprezo pelo cão de guerra de Nova Gênese, é duramente repreendido por seu mestre, mas sem sofrer grandes sanções. Veremos que mais à frente, a desobediência de Desaad irá lhe custar caro… Mas não vamos colocar os carros na frente dos bois! Vamos ficar nessa edição mesmo.

Ainda nessa cena, observamos outra coisa que singulariza Desaad dos demais servos: por vezes, Darkseid se confidencia com ele, mesmo que seja para justificar um ato seu (nesse caso, a preservação de Orion). Isso, além de denotar uma confiança do senhor de Apokolips ao servo, mostra também algo que certamente, em algum lugar do universo (ou melhor, do multiverso), possa ser considerado uma “amizade”. Caso contrário, por que motivo Darkseid, o soberano de Apokolips, iria dar alguma satisfação a Desaad? “Ele poderia estar enganando Desaad, fingindo ser seu amigo, já que precisava dele”. Sim, não duvido que Darkseid fosse capaz de tal ardil, mas ocupando a posição que ocupava em Apokolips, você acha mesmo que isso seria necessário, para alguém que vivesse naquele planeta miserável? TODOS temem Darkseid! Se ele precisasse de Desaad apenas, mandaria ele fazer, e ele faria, ou seria eliminado da existência!

Aprofundando mais a análise do personagem, vamos adentrar nas edições de Forever People, numa trama paralela aquela vivida por Orion e Magtron, mas ainda com alguma relevância em suas aventuras. Acompanhamos na história, Desaad utilizando não só de sua querida máquina do medo, como também de todo um maquinário bizarro, criado por ele próprio, para infligir dor nos outros (a fim de buscar mais peças para a Equação Anti-Vida).

Na edição 4 de Forever People, acompanhamos o martírio do Povo da Eternidade e de sua Caixa Materna (que desaparece sem deixar vestígios) nas mãos de Desaad. Notemos que para ele, esses momentos são tão deliciosos quanto um banquete. Desde o sumiço da caixa, até a tortura dos jovens deuses, o sádico servo de Darkseid demonstra um grande sorriso de prazer nas feições pitorescas. Inclusive, falando de “prazer”, a cena de tortura de Belos Sonhos é muito sugestiva: um velho com rosto de maníaco (Desaad), mira uma espécie de pequena vara (semelhante a usada para fazer os cavalos correrem mais) em direção aos seios da donzela (Belos Sonhos), que está imóvel e indefesa. Seria uma alusão do autor, aos contos proibidos do Marquês de Sade? Bem, é no máximo uma brincadeira, já que é necessário deixar claro que, por mais maravilhosa que Belos Sonhos pudesse ser, o ato sugerido aqui parece não atrair muito Desaad (e mesmo que atraísse, creio que a DC vetaria qualquer menção ao “estilo” de dor que tornou conhecido o Marques de Sade, pois se hoje a editora possui uma postura conservadora, que dirá naquela época). Outra menção curiosa (e no mínimo… peculiar) é quando o servo leal de Darkseid vai ao encontro de Serifan, mostrando-nos que quando está diante da amada dor, ele literalmente “se solta”, perfazendo-se como ninguém…

Continuando a torturar constantemente os jovens deuses, sempre ao lado de sua adorada Máquina do Medo, Desaad é surpreendido na edição seguinte (número 5) por Sonny Sumo e a Caixa Materna do Povo da Eternidade. Desesperada, e vendo que iria ser “morta” em breve pelo servo de Darkseid, a Caixa “incorporou” o espírito do anel dos lanternas verdes e foi em direção a alguém nobre e poderoso: Sonny Summo. Clamando ao oriental por ajuda, a Caixa guia o jovem guerreiro a “Terra da Felicidade”, um parque de diversões de fachada que era usado por Darkseid como covil. A missão de Sonny, de resgatar os protegidos (ou protetores, dependendo do seu ponto de vista) do Povo da Eternidade foi bem sucedida, deixando Desaad irritadíssimo. Convencendo então a Darkseid, de que o ocorrido não fora sua culpa, a sádica criatura arquiteta mais um plano para arruinar a vida dos jovens deuses. Mostrando que a mente de Sonny Summo guarda um dos caminhos para se encontrar a Equação Anti-Vida, consegue que suas antigas vítimas sejam caçadas a mando do todo-poderoso de Apokolips.

Na edição 6, portanto, ocorre essa tal caçada, onde Darkseid finaliza (literalmente) o Povo da Eternidade e Sonny Summo com seu Efeito Omega. Aqui, mais uma vez, observamos que a paixão de Desaad pelo sofrimento é maior que o seu censo de razão. Contestando a decisão de deixar Serifan livre, alega ao mestre que ele: “não pode deixar uma experiência dramática desse porte incompleta”. Perceberam como Deaad tenta dobrar Darkseid com seus conselhos dúbios, que favorecem mais a si próprio do que ao mestre? O abuso foi tamanho que o senhor de Apokolips lhe dá um tapa para mostrar quem manda naquilo tudo, mas no fim, acaba deixando de lado o erro do servo. Até porque, Desaad é um “velho amigo” (reparem na imagem a “cara de bunda” do Senhor de Apokolips quando o servo começa a se lamuriar…).

A próxima participação do personagem acontece em Forever People #8, porém de maneira breve. Quando ele e seu mestre estão disfarçados, caçando outro potencial receptáculo da Anti-Vida na Terra (o bilionário “Billion-Dollar Bates”). Surpreendidos pelos jovens deuses do povo da eternidade, a história termina com o bilionário morto, se tornando inútil para os propósitos do Senhor de Apokolips.

E tão breve quanto foi sua aparição na edição 8, foi sua participação na última edição da revista, a número 11. Atingindo enfim seu objetivo, Desaad, com a ajuda de Devilance, aparentemente destrói o Homem Infinito, e por tabela, os jovens deuses. Mas os heróis da história não poderiam ter um fim tão trágico. São na verdade transportados para um outro mundo, onde podem desfrutar enfim, de paz… É claro que isso não é descoberto por Desaad e Darkseid, que creem ter conquistado mais uma vitória.

E falando em batalhas, é por causa de uma que esse ser esquisito encontra seu fim. Em New Gods #11, descobrimos que o tão leal servo do senhor de Apokolips, havia no passado traído a confiança do amigo, envenenando Suli, que viria a ser a mãe de Kalibak, pois era uma (ou “a”) amante de Darkseid. Se justificando, diz que estava fazendo apenas o que a mãe do amigo, a rainha Heggra, ordenava, e por conta desse argumento, Desaad foi poupado da destruição. É interessante notar aqui que, parece que Darkseid realmente sabe quando Desaad está tentando ludibriá-lo, visto que sabia dessa trama oculta, mas apesar disso releva os atos falhos do servo. Talvez por considerá-lo um amigo confiável, talvez por gratidão aos serviços prestados (lembrando que foi Desaad quem construiu a manopla que nocauteou Izaya e tantas outras máquinas insanas) ou simplesmente deixou-o vivo por considerá-lo útil. Infelizmente, para ele, a paciência do Senhor de Apokolips acabou.

Contrariando a ordem do seu mestre, vista em New Gods #1, Desaad utiliza a máquina do medo em Orion, intervindo em sua luta contra Kalibak. Deixando o guerreiro em desvantagem com relação ao flagelo de Apokolips, Orion quase cai diante do meio-irmão. Darkseid ao descobrir, fica furioso, e num ataque de ira, desatomiza Desaad com um de seus raios de energia. Perceba que, apesar de toda maldade que existe no coração do filho de Heggra, ele sempre se mantém calmo, sereno, o que só o deixa mais assustador, tal qual Hannibal Lecter em “O Silêncio dos Inocentes”. Parece aquele tipo de sujeito que quer sempre evitar o confronto, e só ataca quando sua estratégia está bem traçada. Mas no instante em que percebe a insubordinação de Desaad, não pensa duas vezes e manda o servo para o… bem, iria dizer para o inferno, mas visto que eles estavam em Apokolips, pareceria que Darkseid estaria premiando Desaad.

Aliás, ele não poderia ir para o inferno, porque de certa forma, ele não morreu. Segundo a versão estendida da última edição, lançada pela DC mais de 10 anos depois da primeira publicação de New Gods, Darkseid “apenas” dispersou seus átomos, e quando foi preciso, os reagrupou com o auxílio de uma máquina divina (que convenientemente tinha à mão). Darkseid não mata, ele te deixa vivendo eternamente uma existência sem vida (uma existência de anti-vida, saca?), recheada de dor e sofrimento. Talvez por isso Desaad goste tanto dele! Mas ao voltar, Desaad acaba como um robô sem vontade nas mãos de Darkseid, e tudo indica que depois disso, foi realmente eliminado.

Enfim, Desaad é uma víbora. Além de sádico, é um tremendo covarde, que justifica seus atos vis por terem sido ordenados por superiores, mas no fundo, adora ver o sofrimento alheio. Apesar da suposta amizade entre ele e Darkseid, o personagem é movido apenas pela sua própria vontade, e as vezes, arrisca o próprio pescoço tentando convencer seu mestre a tomar certas decisões. Teve o fim que merecia. Aliás, não! Pois se ele ama tanto a dor, sofrimento eterno é o paraíso para ele, não é mesmo? No fim, o malandro se deu bem…

Fonte: Multiverso DC / Wikipedia

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