domingo, 25 de janeiro de 2009

[Review/Comentário] 8x12 # Bulletproof

Esse era um dos episódios mais aguardados por mim. Confesso que estava ansioso para assisti-lo, pois volta a abordar a vida dupla de Clark na série, agindo como um vigilante.
Ou seja, voltamos a vê-lo agindo como o verdadeiro Super-Homem.

Sem mais delongas, vamos ao comentário do episódio 8.12 Bulletproof.



O episódio já inicia com uma perseguição policial. Desde que perdeu seus poderes devido ao Sol para salvar Clark no episódio 8x01 “Odyssey”, o marciano John Jones adotou uma vida de policial-detetive, assim poderia combater o crime e auxiliar Kal-El em sua nova jornada. Muito boa a cena de perseguição do Marciano ao contrabandista Russo Polonês Coreano. A princípio a maioria pode estranhar como alguém sairia sozinho sem pedir reforços policiais atrás de um contrabandista de alta periculosidade, mas o Marciano viria a explicar essa atitude nonsense no final do episódio. Pois é, azar daqueles críticos e apreciadores de novelinhas que já queriam cavar um buraco por causa desse aparente erro, mas a explicação do Jones no final salvou a produção.

A princípio, pensava-se que o conflito era contra os heróis que estariam levando os créditos dos policiais. Mas no caso do Marciano, ele estava justamente envolvido numa investigação que estava no encalço destes maus policiais. Por isso ele acabou sendo baleado.

Curiosamente esse é um tema recorrente nas aventuras de um herói concorrente. Um certo encapuzado que mais parece um morcego. Foi muito interessante ver em Smallville um tema muito abordado nas histórias do concorrente Batman. A corrupção policial, a suposta rendição da polícia aos desmandos do sistema e a velha rivalidade e hostilidade entre a polícia e os heróis de fantasia é um tema recorrente em Batman que sem querer acabou caindo como uma luva numa história sobre o Super.



Também fica mais evidente do que nunca que o Arqueiro Verde não passa de "o papel que era para ser desenvolvido pelo Batman, mas na falta da liberação da DC, se não tem tu vai tu mesmo". Afinal até mesmo o ódio contra o Arqueiro Verde pela polícia e a caçada da polícia contra ele antes da definitiva consagração é algo claramente clonado das primeiras histórias de Batman, que vivia em total pé de guerra com a polícia até conseguir o apoio do Comissário Gordon.

Em vista de tudo isso, a inserção de Daniel Turpkin foi excelente em Smallville e o ator escolhido desenvolveu bem o papel. Aliás, agora que Smallville se inseriu definitivamente no cotidiano cosmopolita de Metrópolis, deviam manter esse tema aceso, mesmo que com pequenas aparições, nos próximos episódios. O posicionamento da polícia em relação aos heróis é algo que merecia continuar sendo explorado. Seria inclusive uma maneira de dar uma utilidade efetiva ao Arqueiro Verde, ao invés de viver sempre as sombras dos feitos certinhos do Clark ou atrás do rabo de saias da Tess.





Por falar em Tess, o esperado (por muitos, rs) encontro entre a atual condutora do império Luthor e a ex toda poderosa senhora Luthor que driblou Lex e ameaçou Lionel foi muito bom. Ambas se trataram com a hipocrisia e falsidade cheia de elogios aos seus grandes feitos à frente do império em suas respectivas épocas. Embora eu tenha tido a impressão de que Tess realmente admirava Lana, por além de ter sido dona e senhora legítima sem depender de um sumiço de Lex, conseguiu de bandeja que Lex a venerasse, coisa que Tess sempre demonstrou desejar do fundo de sua alma, mas jamais conseguiu. Faíscas de inveja se fizeram sentir, embora eu garanta que Lana não se sinta nem um pouco lisonjeada por ser invejada por ter sido uma Luthor, depois de seu ‘cursinho intensivo de como se tornar uma Luthor em menos de 6 meses’.




Mas Lana é sem vergonha, e debaixo do nariz da atual mandatária do império, conseguiu corromper e roubar as informações sobre o projeto Icarus, Odysseus, Teseus, Ptolomeus, ops, Prometheus. Mas Tess provou que não chegou aonde chegou à toa, e quando Lana foi tentar piratear o arquivo na internet para enviar ao seu amigo cientista, descobriu que a proteção anti cópia-vazamento estava ativada. As gravadoras de CD’s e DVD’s dariam até a própria mãe em troca da fórmula que a Luthor Corp encontrou de impedir o compartilhamento de arquivos via Internet. Bem, espero que elas nunca encontrem 




Enquanto isso, Clark resolve desenvolver seu lado detetive e estimular sua inteligência tão mal aproveitada no passado por sempre ter em quem se apoiar - leia-se Chloe “Suporte Google com Anti-Vírus” Sullivan - e mesmo ao lado dela (que só aparece numa cena em todo o episódio), é ele praticamente quem soluciona sozinho o que pode estar acontecendo. Enquanto isso, Chloe já admite a falta que Brainiac faz ao seu cérebro, e porque não, a sua personagem, já que agora que se livrou do Brainiac, voltou a ser a personagem inútil que só está na série para dar suporte técnico 24 horas ao herói.

A pergunta que fica é: será mesmo que Chloe realmente se livrou de Brainiac? Pra mim (e espero que seja assim), ainda sobrou algum resquício adormecido dele lá dentro, assim como ele esteve adormecido durante os 8 primeiros episódios, enquanto Chloe só se aproveitava dos benefícios sem ser afetada pelo real Brainiac em ação.
Porque, afinal, se tudo não passou dali e a ameaça de Brainiac não permeará mais essa temporada, ficará a sensação de que toda essa trama até ali foi não só uma ótima história mal aproveitada servindo de “enche lingüiça”, como também serviu de pretexto para a inserção da Legião dos Super-Heróis e para dar uma certa importância a personagem de Chloe. Assim, como os poderes dela descobertos na 6ª temporada que hoje já não existem mais.

Bem, voltando....Clark se insere dentro do mundo corrupto policial. Seja em Gothan City, seja no Rio de Janeiro, seja em Metrópolis, a linha que divide a polícia dos bandidos é estritamente tênue. Como diria alguns descrentes e leigos (pois nunca trabalharam numa delegacia para saber disso, eu já fiz estágio!), polícia é apenas bandido com uniforme e carteira assinada. Pode se dizer que esse tipo de pessoa seria perfeito para viver um descrente habitante de Gothan City. A diferença é que em Smallville eles tem o Clark para impedir a generalização e em Gothan eles tem o Batman... Mas e no Brasil, quem temos?

Curioso o churrasquinho em dia de tempo ruim entre os amigos policiais, divididos entre o policial bom e os amigos policiais corruptos, clichê máximo dos filmes e séries policiais dos anos 80 e 90. Muito diferente ver esse tipo de cena em Smallville. Aliás, nunca entendi essa mania americana de fazer churrasco em dia nublado, churrasco pra mim como bom brasileiro jovem combina com dia de sol, amigos, música (no meu caso, heavy metal) - de preferência que nada tenham a ver com o trabalho, deixem esses pros Happy Hours da vida - enfim... 




Os policiais descrentes debochando da fé do Clark na Justiça foi triste. Me senti triste e frustrado pelo Clark, a cara dele ao ver aquilo foi de doer na alma, ainda mais ele, que sempre confiou na justiça e na policia, ainda mais tendo como referência os policiais e xerifes honestos do interior, como a Xerife Adams... Mas como Danny Boy, o ex ajudante de palco do Gugu, bem lembrou, na cidade grande as coisas são bem diferentes e policiais mortos ou corruptos não são manchetes.

Às vezes tenho dúvidas se Oliver/Arqueiro Verde está querendo ajudar o Clark a ser um grande herói ou se o está tentando corrompê-lo, fazendo-o agir de maneira humanamente medíocre como Arqueiro Verde, Batman e afins... Totalmente fora de lugar aqueles esporros doidos do Arqueiro. Em outras épocas, em especial na sexta temporada onde Clark era um zero a esquerda que lutava contra seu destino, eles até faziam sentido e havia quem concordasse. Mas agora, soa mais como desequilíbrio mental e inveja pura por parte do Arqueiro em relação ao Clark.



O bom é que Clark evoluiu bastante, não se deixa mais abalar por comentários não verdadeiros a seu respeito, e o melhor: agora ele retruca e bota o ‘arqueirinho’ em seu devido lugar. Quando o Oliver chegou com aquele papo de "eles são bandidos que passam dos limites e merecem ser punidos", o Clark não deixou passar e resolveu refrescar a memória do Arqueiro para ver se ele caia na real.

Mas o orgulho impera entre eles e não os permite realizar cooperação mutua, uma pena.

Enquanto Clark e Oliver ainda tropeçam agindo sozinhos, Lana Lang dá um banho nos dois quando o assunto é agir como lobo solitário.O Clark nem sonha o que Lana se tornou, nem sonha as visitas da eterna ex-srª Luthor à mansão e seus latrocínios inveterados, e nem imagina que o Arqueiro Verde já teve uma pequena mostra dos sombrios segredos guardados pela moça mais odiada de Pequenópolis.

E enquanto os dois ficam batendo boca feito gato e rato, Lana recebe a visita de Tess na Fundação Ísis. E diga-se de passagem, que visita, hein?

Quando Tess afirma que agora sabia o que Lex havia visto nela, Lana responde que o que Lex viu nela foi uma pessoa igual a ele, e incontrolável. Lana prova que não esqueceu as valorosas lições aprendidas no ‘Cursinho de Como Se tornar uma Luthor em 6 meses’ aprendido na sexta temporada. E realmente, há de se reconhecer que, como personagem dúbia, dissimulada e que consegue sustentar duas personalidades para atingir seus objetivos, Lana realmente se tornou uma igual ao Lex. Em algum lugar deste mundo, Helen Bryce derruba uma lágrima... ou se revira no túmulo, dependendo do que resultou o salto dela do avião do Lex na terceira temporada.






E eis que presenciamos a melhor luta já travada entre mulheres em Smallville. Super bem dirigida, super ágil, golpes precisos e rápidos, cheios das técnicas japas, e de quebra Smallville fazendo propaganda para o que os fãs da série podem esperar da atuação de Kristin em Street Fighter - The Legend of Chun Li. Sem dúvida o ponto alto do episódio foi esta luta, que aliás tem ainda a surpreendente vantagem de ter sido uma luta crua, sem efeitos especiais, e mesmo assim melhor do que as lutinhas forçadas e toscas que o eterno rei do ‘trash policial’ Steven Seagal já realizou na vida!

Enquanto Lana se diverte com Tess, Clark age como o verdadeiro super e como uma luz alternativa de esperança e justiça na vida do oficial Daniel Turpkin, e faz com ele o que disse que faria na conversa com o Arqueiro Verde: o verdadeiro herói não é aquele que acaba com os bandidos deixando-os sem qualquer perspectivas, mas sim aquele que consegue tirar alguém do caminho errado e colocá-lo no caminho certo, fazendo bem não só a ele próprio como a própria sociedade que é beneficiada não só com um mal feitor a menos, mas também com um bom cidadão a mais para ajudar a construir um mundo melhor. Alguém quer prova maior de que Clark é claramente um sério candidato a ganhador do Prêmio Nobel made in DC Comics?







E enquanto Clark prova que já está cada vez mais próximo de ser o herói que Lana sonhou que ele seria, a mesma vai pelo caminho oposto, tirando de Tess o direito de acreditar e ter fé num homem que considerava um salvador. Muito interessante o contraponto entre os atos de Lana e Clark neste episódio. Clark recupera a fé de Danny em si, nas pessoas e na justiça, ao passo que Lana destrói a imagem samaritana que Tess tinha de Lex e que a mantinha disposta a levar seu legado a diante.





Excelente idéia esta de Lex ter colocado em Tess nanochips em seus olhos se aproveitando de seu mal estado após a explosão na América do Sul (teria sido o laboratório do 33.1 destruído em Campo Grande? )
Fiquei com pena da Tess enquanto Lana tripudiava em cima de sua ilusão destruída em mil pedaços diante de seus olhos, literalmente.

Mas Tess prova que não é idiota, e diz a Lex tudo o que ele certamente não queria ouvir. Gostaria de saber como Lex reagiu ao ouvir Tess dizendo que ele perderia qualquer contato com o mundo exterior, que teria suas contas bloqueadas e até feito o Planeta Diário dar Lex como morto, o que indica que Tess parou de procurar Lex também. A menina ficou braba.





Levando em conta que Michael Rosembeau topou voltar ao papel de Lex nos dois últimos episódios da série, é de se acreditar que Tess vai ter exatamente (ou parecido) o fim que teve no filme "Superman Doomsday" praticamente foi ratificada neste episódio, afinal, quando Lex jamais esquece de quem lhe vira as costas?! Se nem Clark, Lana, Grant ou o próprio papai Luthor foram poupados após fazerem-no sentir-se traído, que dirá Tess que nunca passou de uma serviçal como tantos outros que Lex já teve - e que não sobreviveram nem pra desfrutar dos altos salários que ganharam ajudando-o e dedicando suas vidas a ele. Tess praticamente acabou assinando seu atestado de óbito ao decretar a morte de Lex no Planeta Diário e cortar sua comunicação com o mundo.

E no final, como prova de que os opostos se atraem, Clark e Lana nos remetem às primeiras temporadas, em que Lana era a desajeitada cafetina, ops, atendente de cafeteria com seus famosos capuccinos com sabor de Nescal, com aparência de Suco de Maracujá e que na realidade eram sucos de Tamarindo. Clark vai lá após ouvir de Turpkin que um herói não pode salvar os demais se não é capaz de cuidar e estar com aqueles dos quais realmente ama e dão sentido a seus heroísmos, e após ouvir da mulher dele que Metrópolis precisa de seu marido, mas ela e seu filho precisavam mais.

Lana ficou meio desconcertada, e fez questão de lembrar Clark que já não tinham 14 anos, e que Clark fazia parecer como se aquela época fosse algo bom, em clara alusão ao fato de Lana saber que Clark e ela estão melhores agora do que estavam naquela época, quando não passavam de adolescentes inseguros sem um rumo e sem ideais próprios. Mas Clark parece que se nega a entender o que Lana quer dizer, e faz a velha pergunta "porque o mundo tem que vir primeiro?". Só que Clark esquece que ele não é Turpkin e que Lana não é a doce dona de casa da família Turpkin cuja única aspiração é cuidar da casa, do filho e ser garçonete no churrasquinho particular do maridinho.





Lana insiste que o mundo é mais importante do que eles ou do que o que eles sentem, mostrando que ela pelo jeito evoluiu muito mais neste ponto do que o Clark, disposta a sacrificar seus sentimentos egoístas por um bem maior. Mas Clark insiste numa nova chance, e lhe dá um beijo, ao qual Lana não se entrega completamente, gerando um olhar estranho por parte do Clark, que pode enfim ter percebido que o amor deles já não é tão grande ou praticamente nem existe mais.

Provando que, assim como a Saturn Girl disse, caberá a Lana direcionar o Clark ao caminho correto, e fazê-lo entender que nunca um sentimento por uma mulher deverá jamais ser equiparado aos destinos e vidas do resto do mundo. A falta de entrega de Lana ao beijo e a provável rejeição dela ao Clark, disposta a fazer com que ele aceite que deve seguir priorizando o mundo acima dos seus próprios sentimentos, será o que definirá o que Clark será no futuro.

E ao final, também tivemos a última lição que faltava ao Marciano dar ao Clark: a de que 3 em conjunto sempre fazem mais do que um sozinho, e que o orgulho jamais pode permear a atuação de um herói, pois esta pode também ser sua desgraça. Ouviu bem, Oliver Queen?!? Praticamente foi um ensinamento para a Liga.




Enfim, foi um ótimo episódio, que sacramentou o que deveremos esperar do que virá a seguir, um episódio que botou novamente Clark em conflito entre seus próprios sentimentos e suas obrigações, mas desta vez em caráter definitivo, a libertação de Tess como mera fantoche de Lex, e Lana efetivando seu xeque mate vingativo contra o império Luthor e de quebra iniciando o processo que fará Clark aceitar-se de vez como um herói muito acima de seus anseios pessoais, como Saturn Girl já nos havia dado a dica.

Manteve a excelente qualidade desta temporada.

Nota 9,5 para o episódio, para as atuações e em especial para o roteiro, bem diferente de todos os episódios anteriores, e que ainda assim conseguiu se inserir com perfeição no universo de Smallville e já se encaixa na minha lista de melhores episódios da série, além de começar a preparar os arcos da temporada.

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