O Homem de Aço está de volta às telas com uma história que busca reestabelecê-lo como o maior herói da cultura pop. Para Zack Snyder, o diretor do filme, para conseguir isso era necessário voltar mais uma vez ao princípio. "Não entramos nesse projeto necessariamente pra contar a história de origem do Superman, mas tivemos que mostrá-la porque nossa ideia inicial envolvia esse supercara tomando um monte de decisões definitivas, que ninguém entenderia se não tivessem o acompanhado em sua vida", comentou ao site brasileiro Omelete durante entrevista exclusiva em Los Angeles.
"Era necessário estar com ele no momento em que seu pai adotivo, Jonathan, ensinava suas lições de vida. Era necessário conhecer Krypton e saber tudo o que estava em jogo ali e entender exatamente o que Jor-El, o pai biológico, sacrificou. Sem essa informação perderíamos uma dimensão da narrativa", diz.
Henry Cavill e Zack Snyder nas gravações no set
Mudanças na história do Superman
Parte do interesse do filme é explorar a humanidade contra a parcela extraterrestre do herói. "Nosso Superman é humano. Ele nasceu em Krypton, mas é humano, assim como todas as suas relações. Ele pode ter superpoderes, mas no final as pessoas pelas quais ele se sacrificaria são humanas. Ele se vê como humano", explica. "Mas nós ficamos obcecados com o tema da invasão alienígena e com o fato de ele - biologicamente - não ser humano. É estranho que pouquíssimas obras até aqui tenha explorado isso, o fato de ele ser um alien e ninguém falar nada a respeito. É estranho. Então quisemos escancarar esse lado. Basicamente, há um alienígena vivendo entre nós. Quais as implicações para a humanidade desse fato? Ele é a prova de que não estamos sozinhos no universo".
Para o diretor, quanto maior o desafio, maior o interesse. Snyder diz que tem plena consciência que Superman é um ícone com uma mitologia conhecida e bem definida - mas que isso não significa que a produção não deva tentar mudá-lo de alguma maneira, adequando-o ao nosso tempo. "A inocência acabou", lamenta. "Além disso, você tem que depender dos seus próprios instintos. Se eu fizesse um filme exclusivamente para agradar os fãs, não surpreenderia ninguém. Não entro online para saber o que estão falando ou achando, isso seria suicídio. Pelo menos não durante a produção".
Isso não significa, porém, que não continuem sendo os quadrinhos a grande fonte de pesquisa. "Todos os quadrinhos do Superman nos influenciaram. Grant Morrison [e seu Grandes Astros Superman] foi uma influência forte. Até o Superman de Frank Miller foi uma influência. Você sabe que sou um dos maiores fãs dele. Eu sempre releio as coisas que ele escreveu, mesmo que seja pra mudar tudo. Frank é muito honesto com super-heróis. Muita gente, especialmente quem gosta de super-heróis e quadrinhos, eu inclusive, costuma se justificar demais quando esse é o assunto em pauta. Frank não faz isso. Escreve e pronto, sem meias palavras".
Outra mudança importante foi a icônica roupa do herói. "As mudanças no uniforme foram derivadas da nossa intenção de amarrar o design de Krypton como um todo. Pensamos nele como um traje kryptoniano comum, que se você usasse por lá não seria bizarro. É uma cultura em que as capas estão no cotidiano. Eu adoraria que usássemos capas aqui também... seria legal", brinca. "A mitologia do uniforme até hoje envolveu coisas como Martha costurando-o a partir do cobertor em que ele veio enrolado para a Terra ou como uma roupa comum, tornada simplesmente indestrutível pela aura de invulnerabilidade dele. O nosso é de krypton e pronto. Mais simples".
Uniforme "made in Krypton"
Ação e efeitos em O Homem de Aço
Quanto à ação explosiva do filme, Snyder comenta que adora filmes assim e que em Homem de Aço pegou várias das técnicas desenvolvidas em Sucker Punch - Mundo Surreal e as levou ao limite. "Especialmente as técnicas que envolvem dublês digitais e as barreiras entre eles e os atores reais. Sinceramente, acho que os dias quando você amarrava um ator em cabos e o fazia voar acabaram. Assim como os velhos truques de colocar um carro em um guindaste e colocar o cara sob ele, fingindo que está pesado. Não funciona mais. O lado da física está simplesmente errado. O problema com o Superman é que tudo o que ele faz é um efeito especial, seus movimentos, seu voo, as lutas... quando toda a equipe comprou a ideia, ficou mais fácil. Nos libertamos para pensar em coisas maiores".
"Mesmo assim, acho que você ficaria surpreso em ver o quanto da Batalha de Smallville foi feito com efeitos práticos", continua. "Os atores também precisam de ambientação - e fornecemos a eles toda a devastação necessária. E a propósito, todas as batalhas que vocês viram são, literalmente, metade do que tínhamos previsto originalmente".
O futuro de Superman nas telas
Snyder e os roteiristas Christopher Nolan e David Goyer criaram um mundo para esse primeiro filme ainda isolado do sonhado Universo DC das telas. Mas isso não significa que ele não será integrado depois. "Criamos esse mundo de forma a poder ampliá-lo. Não tem kryptonita nem Lex Luthor neste filme, por exemplo, mas esses elementos existem. Você viu os logos da Lexcorp e da Wayne Enterprises... tem coisas por aí. Há muitas possibilidades para o próximo filme".
Mas isso significa que o herói vive em um mesmo universo que outros personagens da DC Comics ou ficará restrito, como o Batman o foi na trilogia O Cavaleiro das Trevas? "O Superman ainda precisa amadurecer mais antes de um filme da Liga da Justiça. Ele precisa aparecer sozinho novamente antes de colaborar com outros ou coisa assim. Ainda há muito a ser desenvolvido nele - especialmente porque não existe Liga sem Superman", enfatiza o diretor. "Ele precisa sabe exatamente quem é e o que faz, ser o herói que conhecemos. Já ouvi propostas que falam de Liga da Justiça sem o Superman e eu acho que é papo de doido".
Com um segundo filme confirmado, Snyder empolga-se com as possibilidades. "No momento, tudo é interessante. Juntá-lo com o Batman antes da Liga, sei lá. Tudo é possível agora. E Lex está por aí, fazendo sabe-se lá o quê. Não se esqueça disso!"
Fonte: Omelete
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