[Review] 10x06 "Harvest"

Não é a primeira vez que "Smallville" aposta numa história de terror (apesar que pode ser a última). Da 4ª temporada para cá, já tivemos os episódios "Spell" (4x08), "Tomb" (5x14), "Rabid" (9x03), "Escape" (9x15) e agora "Harvest". "Tomb" é simplesmente um lixo. Já os demais foram bem construídos, com tramas mais interessantes e de qualidade acima da média (destes, pra mim, "Rabid" é o melhor).

A diferença agora é que "Harvest" não mostrou espíritos vingativos nem qualquer outro tipo de monstro, literalmente. Mas nos mostrou mais uma vez que o ser humano pode ser a espécie mais cruel e assustadora. Com uma premissa parecida com alguns elementos de "O Homem de Palha", "Colheita Maldita" e "A Vila", "Harvest" mostra uma colônia escondida onde vivem estranhos fazendeiros religiosos...só ai já dá pra perceber o que vem a seguir.

O episódio começa com Clark e Lois, numa viagem de carro pela estrada, em meio a um cenário belíssimo. Aliás, um dos maiores destaques deste episódio foi a fotografia e cenários, com certeza o melhor trabalho nesse quesito desde as últimas duas temporadas. Como é bom ver cenários diferentes em "Smallville". Bem, durante a viagem, eles conversam sobre o segredo de Clark, com ele revelando algumas coisas como a nave de Kara (que Lois testemunhou em 7x02 "Kara"), Apocalypse (8x10 "Bride"), etc. Eles estão indo cobrir um festival colonial, mas na verdade Clark só queria evitar que Lois fosse ao protesto anti-heróis em Metrópolis. Nisso, o pneu do carro fura, sem eles saberemos o que atingiram. Clark troca um dos pneus (sem ajuda de ferramentas mecânicas, claro), quando surge uma garotinha oferecendo ajuda a eles. Como não pode usar seus poderes na frente da menina, Clark, a contragosto, tem de seguir a pé pela estrada até a próxima oficina, enqunato Lois fica com a menina. Um tempo depois, ele retorna supervelozmente e se apavora ao ver que Lois e a garotinha desapareceram. Nisso, ele descobre um pedaço de madeira cheio de pregos no chão e desconfia de algo errado ali. O que se comprova, já que Clark acaba se cortando! Nesse instante, surge um policial que, a princípio, parece desconfiar de Clark, mas acaba aceitando ajudá-lo a encontrar sua namorada.

Eles adentram a mata, mas não encontram nada além de uma velha cabana abandonada. Ali, Clark descobre a fonte de seus problemas: a água daquele lugar está contaminado por kryptonita azul. O policial, então, conta que há alguns anos houve uma chuva de fogo do céu (isso lembra alguma coisa?) e a água acabou misturada ao meteorito azul. Clark se espanta ainda mais ao ouvir que nada de ruim aconteceu com as pessoas, pelo contrário, todos estão bem e não adoecem, além de suas plantações serem prósperas. Nisso, Clark ouve sinos tocarem, e de surpresa, é golpeado pelo rifle do policial.




Enquanto isso, Lois chega de charrete com a menina até a vila onde ela mora. Novamente, um ótimo cenário. Pena nem sempre termos esse capricho em todos os episódios.
Logo, a família de Charlotte recebe Lois e a convida para o jantar, com a promessa de levarem-na até a cidade após a refeição. À mesa, Lois descobre a tragédia que aconteceu na cidade, anos atrás, quando a chuva de meteoros atingiu a vila e matou a filha mais velha do casal, quando esta tentava alertar a todos tocando o sino. Porém, desde então, a vila se tornou próspera e, desde então, todos os anos, os moradores oferecem um sacrifício ao seu Senhor. É ai que Lois percebe o perigo em que se meteu, já que a "oferenda" deste ano será ela.

Trancada numa casa, ela reecontra Clark, que revela estar sem seus poderes. Por sorte, eles descobrem um porão e escapam dali, vestidos como os coloniais. Ainda assim, acabam descobertos e antes que cheguem ao portão da vila, são parados por um habitante, a cavalo, vestindo uma máscara de espantalho. Então, Clark acaba atingido mortalmente por uma foice, que lhe corta o estômago, para desespero de Lois, que é arrastada, aos prantos, por outros moradores.





Prestes a ser sacrificada, Lois tenta concientizar os moradores sobre a atrocidade que estão cometendo, uma vez que isso não se trata de sacrifício mas assassinato, e que a filha do casal se envergonharia do que eles estão fazendo em nome dela. Contudo, é tarde, e as duras palavras de Lois só acirraram ainda mais o ódio do líder da comunidade.

Longe dali, após ser enterrado, Clark "volta dos mortos", uma vez que não há ninguém infectado pela k-azul, perto dele e, com uma espingarda, vai de encontro ao local do sacrifício, atirando sem exitação e ordenando que soltem sua amada. No entanto, a ordem é dada e uma caldeirão de fogo azul é despejado sobre Lois. Mesmo sem poderes, Clark corre em direção a ela e consegue chegar a tempo de cobrir Lois e deixar o fogo ser despejado sobre suas próprias costas, queimando-o. Achei muito linda essa cena, onde vemos o sofrimento de ambos. Clark por cima recebendo toda a dor física e urrando de dor, e abaixo, Lois em lágrimas sofrendo pelo amado.











Contudo, os colonos ficam perplexos ao verem Clark ainda de pé e vivo. Lois aproveita para usar a famosa "psicologia reversa" nos moradores e afirmar que Clark é "o enviado" e está disposto a castigá-los por seus crimes. Muito engraçada essa cena, Lois agindo como uma paranóica e Clark dizendo "amém". Em seguida, com seus poderes recuperados, Clark pega Lois nos braços e saem em supervelocidade, resultando na parte mais engraçada da cena, com todos caindo de joelhos, inclusive o seu líder, com uma cara de bocó assustado.

Passado tudo isso, o casal se encontra no celeiro, onde Clark entrega seu diário kryptoniano a Lois e afirma que ela é a mulher certa e quer compartilhar absolutamente tudo, sem segredos.
A cena resulta num beijo apaixonado, que culmina no apartamento de Lois, onde ambos tem sua primeira noite de amor. Sei que muitas fãs enlouqueceram com essa cena. Verdade é que com Clark tendo revelado seu segredo a Lois antes de se tornar o Superman e agora isso, "Smallville" finca a estaca e assume ser uma adaptação mais "elseworld", no caso como uma realidade alternativa. Até aqui eu defendi ser apenas mais uma adaptação da saga do Superman, como qualquer outra, mas depois disso, é impossível negar (e negar isso é ignorância) que a série realmente criou sua própria mitologia e não está nem aí para os fãs nerds e raivosos das HQ's.
Que ainda é a melhor "adaptação" do Superman, pra mim é. Só espero que não deixem de focar na trajetória e transformação de Clark como o Superman para focar somente em Clois, visando mais audiência, que é o que parece estar acontecendo nessa temporada, infelizmente. Uma prova disso é o novo uniforme do Borrão. Tudo bem que eu achei feio, mas qual a razão de criá-lo se ele nunca o usa?






"Ambush" vem aí, e seguido dele, "Abandoned", "Patriot", "Luthor" e "Icarus", que prometem ser um episódio melhor que o outro, aparentando ter mais ação a história voltada a Clark, heróis e Esquadrão Suicida.

...



Ok, pensaram que eu tinha esquecido do pequeno Lex? NUNCA!
Pra mim, a sub-trama de Tess e Alexander foi o ponto altíssimo do episódio.
Vimos que os efeitos colaterais da clonagem já ganharam proporções maiores, tendo o pequeno Luthor envelhecido 4 anos em 2 semanas, além de já ter pleno conhecimento das memórias do Lex Luthor original. No decorrer do episódio, vimos Tess tentando achar a cura para o garoto, com a ajuda de uma cientista que trabalhou para Lex e agora, assim como Tess, busca redenção.
Foi muito emocionante e perturbador, Alexander desenhando o símbolo do Borrão pela casa e, após revelar suas memórias para Tess e jogar na cara os seus próprios erros, ela lhe dar um tapa no rosto. Mais tarde, Tess encontra Alexander no celeiro de Clark, olhando para as fotos deles, lembrando definitivamente de tudo, até dos pequenos detalhes, como quando Clark disse que queria que fossem irmãos e ele respondeu que sua amizade seria lendária. Tess ainda tenta uma última vez "salvá-lo", mas o garoto setá convencido que Clark é mau e quer matá-lo, e joga:

- "Não me chame de Alexander. Meu nome é Lex".

Mais tarde, descobrimos que a cura foi descoberta, mas Tess acaba destruindo-a no fogo, já que acredita que Lex não tem mais volta e o jeito é esperar que, após 6 semanas, ele sofra os efeitos colaterais e morra. Cruel e frio, mas é isso que Tess acha ser o certo a fazer.





E a cena final não poderia ser melhor. O pequeno Lex, na frente do espelho, raspa seus cabelos, ficando totalmente careca e, por fim, esboça um sorriso malígno para si mesmo.

NOTA 4,5/ 5